Vivemos em uma era onde a tecnologia está por toda parte. É comum — especialmente entre crianças — passar horas conectados, jogando videogames, assistindo vídeos ou navegando pela internet. No entanto, para pessoas com diagnóstico de autismo, que muitas vezes possuem maior sensibilidade aos estímulos e tendência ao hiperfoco, esse uso excessivo de telas pode representar um desafio ainda maior.
Pensando nisso, a o CELEBRA desenvolveu esta matéria sobre estratégias práticas de como diminuir o uso de telas em pessoas com diagnóstico de autismo, reunindo orientações que auxiliam pais e cuidadores a encontrar um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e outras experiências fundamentais para o crescimento e o bem-estar nesses indivíduos.
Por que diminuir o tempo de tela pode ser positivo para pessoas com diagnóstico de autismo?
- Menos sobrecarga sensorial: O universo digital é intenso em sons e imagens, o que pode causar desconforto ou ansiedade em pessoas com autismo. Pausas digitais ajudam a aliviar esse excesso de estímulos, proporcionando mais calma e bem-estar.
- Sono mais reparador: A exposição à luz azul das telas pode interferir na produção de melatonina, hormônio que regula o sono. Reduzir o uso de dispositivos, especialmente à noite, favorece um descanso melhor e mais profundo.
- Mais contato social: A diminuição do tempo de tela abre espaço para interações no mundo físico — com familiares, amigos ou em grupos sociais — essenciais para o desenvolvimento de vínculos e habilidades sociais.
- Estímulo a competências sociais: Longe das telas, surgem oportunidades para práticas que promovem comunicação, empatia e cooperação, como brincadeiras em grupo, jogos presenciais e atividades coletivas.
- Exploração de novos interesses: Reduzir o uso da tecnologia incentiva a descoberta de novos hobbies e atividades, como esportes, arte, música ou contato com a natureza, o que enriquece as experiências pessoais.
- Mais foco e atenção: O excesso de estímulos digitais pode prejudicar a concentração. Esse detox digital ajuda a fortalecer essas capacidades, essenciais para o aprendizado e as tarefas do dia a dia.
Como aplicar a redução de telas de uma forma acessível para pessoas com autismo?
- Vá com calma: Faça mudanças de maneira gradual, reduzindo o tempo de tela em pequenos períodos, permitindo uma adaptação mais tranquila. Por exemplo, adie o início do uso em 30 minutos e antecipe o encerramento em mais 30, ajustando conforme a aceitação da pessoa.
- Ofereça alternativas envolventes: Substitua o tempo de tela por atividades agradáveis e interessantes, como jogos de tabuleiro, brincadeiras sensoriais, passeios ao ar livre ou leituras. Ter mais alguém para participar dessas atividades pode enriquecer a experiência.
- Estabeleça uma rotina previsível: Crie horários bem definidos para o uso das telas e para outras atividades. Avisos prévios sobre as transições e o uso de apoios visuais, como quadros de rotina, ajudam a tornar o processo mais tranquilo.
- Tenha empatia: Entenda que cada pessoa tem seu tempo. Reconheça as dificuldades e comemore cada passo dado no processo. O caminho é de troca e construção conjunta.
- Use apoios visuais: Ferramentas como cronômetros, agendas ilustradas e quadros de tarefas ajudam a tornar a rotina mais clara e previsível, favorecendo a adaptação.
- Defina espaços sem tecnologia: Estabeleça áreas da casa onde não se usa telas — como no quarto ou durante as refeições — para promover maior convivência familiar e descanso mental.
- Inclua a pessoa nas escolhas: Convide a pessoa com autismo a sugerir atividades alternativas, permitindo que ela se envolva e se sinta parte do processo de mudança.
- Dê o exemplo: Participe da diminuição de tela junto com a pessoa com autismo. Ao mostrar que você também está se desconectando, reforça a importância de equilibrar o tempo online com experiências presenciais.
Sugestões para pais e responsáveis
- Fique atento a sinais de dependência: Irritabilidade, ansiedade ou dificuldade em parar de usar dispositivos podem indicar uso excessivo de tecnologia.
- Tenha conversas sinceras: Fale abertamente sobre os efeitos do uso prolongado de telas e explique os benefícios de pausas regulares.
- Incentive atividades que promovam o desenvolvimento: Explore opções que estimulem o crescimento social, emocional, físico e cognitivo — como esportes, arte, música e tempo na natureza.
- Busque ajuda especializada: Caso sinta dificuldades para diminuir o tempo de tela do indivíduo com autismo ou lidar com comportamentos relacionados ao uso de telas, procure o apoio de profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais ou educadores especializados.
Mais presença, mais conexão
A diminuição de telas pode ser uma ferramenta poderosa para promover o bem-estar de pessoas com autismo. Ao diminuir o tempo de exposição às telas e incentivar o engajamento em experiências reais, famílias constroem um ambiente mais saudável e enriquecedor — favorecendo não apenas o desenvolvimento de habilidades, mas também o fortalecimento dos laços afetivos, a criação de boas memórias e a vivência plena no presente.